O meu parto/trabalho de parto foi muito diferente do que tinha imaginado ser. O parto demorou demorou das 6:30 da manhĂ£ que foi quando me romperam as Ă¡guas atĂ© Ă 00:50 do dia 25 de Dezembro que foi a hora que ela nasceu. Depois disso ainda tiveram a cozer-me e a retirar a placenta mas isso jĂ¡ nĂ£o conta a meu ver porque jĂ¡ tinha a menina com saĂºde cĂ¡ fora e nos meus braços. Foi um parto longo demorando 19h e um pouco custoso.
Tudo começou Ă s 6 da manhĂ£ quando tive uma vontade de fazer xixi, estava ainda a dormir mas senti uma vontade de ir Ă casa de banho e quando me levantei saiu Ă¡gua sem eu querer. Foi um pouco como incontinĂªncia, mas nĂ£o saiu muito entĂ£o tentei voltar para a cama porque nĂ£o tinha nenhuma cor nem odor. Mas ao sentar-me na cama tive novamente vontade de ir Ă casa de banho e ao deslocar-me saiu uma maior quantidade de liquido.
Quando voltei para a cama o David, o meu marido, perguntou se estava tudo bem e porque fui novamente para a casa de banho e eu contei-lhe o que tinha passado. Ainda nĂ£o tinha dores nenhumas sĂ³ um desconforto nas costas, mas andava pior habitualmente por isso fomos tomar o pequeno almoço que estava com fome, foi uma das coisas que as enfermeiras falaram: comĂªssemos, tomĂ¡ssemos banho que tĂnhamos tempo depois das Ă¡guas rebentarem.
Eu ao pequeno almoço ainda nĂ£o estava muito convencida que eram as Ă¡guas porque saiu pouca quantidade e descrevem sempre ser muita quantidade. Por isso ainda disse ao meu marido que se calhar nĂ£o era preciso ir para as urgĂªncias, ficaria em casa atĂ© ter contrações. O qual ele disse que era sim porque nĂ£o era normal.
Mesmo no final do pequeno almoço e antes do banho saiu sangue, umas gostas, por isso fiquei convencida que as Ă¡guas tinha rompido.
Tomei banho, coloquei um penso de perĂodo normal o qual se aguentou perfeitamente todo o tempo atĂ© me levarem para a sala de partos. Agarrei na mala da menina e na minha e fomos calmamente para o hospital, mas nĂ£o muito calma porque sabia que tinham que fazer a apalpaĂ§Ă£o e tinha corrido mal a ultima vez. Conto isso no vĂdeo do mĂªs 9 se quiserem ver ou nos exames do 3º Trimestre.
Fizeram perguntas antes de entrar. Levei um penso para caso mais Ă¡gua saĂsse o que nĂ£o saiu. Mais tarde fiquei a saber que tinha um buraco no saco amniĂ³tico onde ela tinha a cabeça por isso sempre que ela se mexia Ă© que saia Ă¡gua se nĂ£o se mexesse estava tudo ok porque estava a fazer pressĂ£o para nĂ£o sair.
Fomos para as urgĂªncias da maternidade Daniel de Matos e entrei quase de imediato porque nĂ£o estava lĂ¡ ninguĂ©m. Contei que era nervosa e que custava a fazer a apalpaĂ§Ă£o por isso a mĂ©dica teve muita paciĂªncia e atĂ© hoje foi a melhor mĂ©dica que tive que me fez esse exame.
O meu mĂ©dico de famĂlia tambĂ©m Ă© bom mas o local jĂ¡ nĂ£o Ă© o mesmo e eu nĂ£o estou tĂ£o nervosa como no dia 24 de Dezembro. Ele tambĂ©m Ă© bastante atencioso mas ainda nĂ£o estou muito Ă vontade porque sĂ³ tive duas consultas com ele sem ser as da bebĂ©.
Fui internada e instalaram-me num quarto com outra senhora que estava a ter contrações. Eu ainda nĂ£o tinha nenhumas, ainda almocei comida de hospital bem disposta e quando o meu marido estava para ir almoçar Ă© que começam as contrações. Para a prĂ³xima jĂ¡ sabemos de levar almoço e jantar para ele porque ele passou fome todo o tempo. NĂ£o que estivesse com muita fome porque ele passou todo o processo comigo e acredito que deve ter dado volta ao estomago.
Mesmo assim para a prĂ³xima levamos marmita.
Antes de almoço ainda estava bem, almocei com calma e nĂ£o estava a tomar nada para as dores, aĂ jĂ¡ tinha algum desconforto nas pernas como se fosse perĂodo. Pouco depois começaram as dores e ao lanche jĂ¡ nĂ£o comi nada mas estava a tomar medicamento para as dores porque jĂ¡ eram bastante elevadas. Ao ponto que era mais fĂ¡cil andar no quarto de um lado para o outro do que estar deitada. Estava pior deitada. Mas andava a saltitar de um lado para o outro porque começou a doer tudo.
Pouco depois colocaram um aparelho para ver as contações mas o grĂ¡fico apresentava as muito baixas. Tinhamos que apertar no botĂ£o quando a contraĂ§Ă£o começava e depois aquilo formava um grĂ¡fico. Para mim aquilo estava a medir mal porque a senhora ao meu lado estava com contrações quase nos 80% e nĂ£o gemia nem se mexia da cama e as minhas estavam para baixo dos 20% pelo que dizia a mĂ¡quina e eu nĂ£o conseguia estar parada.
Pouco depois fizeram-me a apalpaĂ§Ă£o, novamente custosa mas o meu marido pode me acompanhar que habitualmente os maridos nĂ£o podem entrar para lĂ¡ e como eu estava muito nervosa e literalmente a abanar com nervos deixaram, mas ainda sĂ³ estava com uma dilataĂ§Ă£o 1.5 cm. Como estava a queixar-me muito das dores e o medicamento nĂ£o estava a fazer efeito, deram-me medicamento para acelerar o processo e voltei para a cama.
Como nĂ£o consegui estar deitada neste ponto estava dobrada para cima da cama quando vinha uma contraĂ§Ă£o e andava no outro tempo que nĂ£o era muito. Quase que nĂ£o se notava tempo de descanso entre contrações.
O meu marido ajudou com as respirações que francamente ajudam mas nĂ£o muito e eu sozinha nunca as teria feito ele Ă© que estava sempre lĂ¡ a lembrar-me o que ajudou. Acho que na verdade o que ajudou foi o apoio em dele todos os passos
Veio o jantar mas tambĂ©m nĂ£o jantei. Por esta altura jĂ¡ nĂ£o estava muito lucida porque estava com muitas dores e eles nĂ£o me podiam dar mais medicamento do que paracetamol que para as minhas dores de perĂodo nĂ£o faz nada entĂ£o para as dores de parto acho que era igual.
Se calhar experimento para a prĂ³xima nĂ£o tomar paracetamol
Disseram para deitar para medir novamente as contrações e pouco tempo me aguentei deitada. As dores eram tantas que eu nĂ£o conseguia estar em lado nenhum por isso disse para desligarem as maquinas que ia para o chuveiro. Ainda agora consigo sentir no fundo das costas as dores sĂ³ de relembrar.
As dores eram na barriga, nas costas, na zona de saĂda, dores de cabeça tudo doĂa. Estava com a tensĂ£o boa porque eles medem isso tambĂ©m vĂ¡rias vezes. Mas mesmo no chuveiro nĂ£o estava aguentar as dores. Estive a gemer e a chorar atĂ© ao David me disser quer era para vestir porque iam fazer nova apalpaĂ§Ă£o e aĂ disseram que estava com 3cm por isso podia ir para a sala de partos.
NĂ£o me lembro como fui lĂ¡ ter nem de me deitar na cama de parto ou de vestirem novas roupa, nem me lembro o que vesti quando saĂ do chuveiro a nĂ£o ser o robe. Mas lembro-me que o David foi lĂ¡ ter com as malas e quando chegou ao pĂ© de mim jĂ¡ estava todo equipado com mascara e camisa prĂ³pria de hospital.
Depois atĂ© me deram a anestesia lembro-me de momentos partidos como se tivesse a entrar e sair do sono. Agarrei um enfermeiro a pensar que era o meu marido. Lembro-me de o David dizer que eu estou aqui e agarrar a minha mĂ£o. Lembro-me de muitas pessoas entrarem e saĂrem e do batimento cardĂaco da bebĂ© ainda na minha barriga.
Depois chegou a anestesista e ela leu-me um papel e ralhou comigo para eu ficar atenta ao que ela estava a dizer porque estava em transe de tantas que eram as dores. Consegui ouvir o que ela disse e nĂ£o me lembro agora de nada mas sei que tinha a haver com os efeitos da anestesia. Depois assinei, uma coisa qualquer porque estava totalmente fora de mim. Gostava de ver a assinatura.
Quando a anestesia começou a bater deixei de ver tudo turvo e finalmente sabia onde estava e quem estava na sala comigo porque antes disso era tudo um blur.
Deu me vontade de puxar e a enfermeira disse que podia, que ainda nĂ£o estava na altura mas que podia e entĂ£o lembro-me de estar bastante tempo nisso atĂ© chegar mesmo a altura. NinguĂ©m me disse se tinha defectado na mesa ou nĂ£o mas Ă© muito habitual isso acontecer. Ainda bem que nĂ£o me disseram que eu tambĂ©m nĂ£o ficava Ă vontade se isso tivesse acontecido mesmo sabendo que Ă© normal.
Houve um momento em que a anestesia deixou de fazer efeito e eu alertei. Um dos tubos tinha saĂdo e por isso estava a sentir mais dores novamente, corrigiram logo e fiquei bem.
Quando chegou a altura veio um mĂ©dico rodar a menina o que me doeu bastante mesmo estando com muita anestesia. Eu disse-lhe para parar e dar-me um tempo para recuperar da dor que ele mas ele pediu desculpa e disse que tinha que continuar. Nesta altura jĂ¡ estava com os 10cm de dilataĂ§Ă£o.
Depois do o mĂ©dico a rodar eu puxei mais uma vez e a menina saiu. Senti um alĂvio gigante ela chorou quase logo. Esses 2-3 minutos em que o mĂ©dico rodou a miĂºda e eu estive a puxar pareceram-me pelo menos meia hora. Mas depois colocaram-na em cima de mim porque foi uma coisa que eu queria e temos que pedir vĂ¡rias vezes antes para que eles façam isso fiquei muito contente e um amor tĂ£o grande que atĂ© chorei um pouco diz o David.
Levaram-na para medir, lavar, pesar e viram se estava tudo bem com ela, alĂ mesmo numa sala ao lado com a porta aberta para nĂ³s vermos tudo ou para eles entrarem e saĂrem nĂ£o sei mas Ă© bom porque eu nĂ£o queria estar longe dela e nĂ£o tirei os olhos dela sĂ³ quando a puseram no colo do papa que ia desmaiando ao ver a placenta. Momentos que ele nĂ£o vai esquecer mais de certeza. NĂ£o me lembro de puxar para sair a placenta, algumas mĂ£es dizem que tem que puxar, nĂ£o foi o meu caso.
No entanto senti todos os pontos, mesmo ainda com anestesia e comentei com a médica que estava a dar os pontos que me deixasse tudo bonito para que o meu marido pudesse fazer outro
Tinha acabado de ter um e custou tanto mas jĂ¡ tinha passado tudo e ela era tĂ£o linda que eu quero outro sem dĂºvida se Deus mo der.
Foi um acontecimento Ăºnico e acredito que o segundo seja completamente diferente mas foi muito bom o meu marido poder acompanhar-me para todos os locais durante o parto. Tive muita sorte em serem todos muito compreensivos porque havia locais que nĂ£o podia ir mas como sou extremamente nervosa ele pode sempre acompanhar-me.
E mesmo a gravidez ter sido algo difĂcil e o parto pior ainda quero sem dĂºvida mais, mais dois se estiver bem para os ter e se Deus mos der com saĂºde espero eu.